domingo, 16 de outubro de 2011

Candidatos ao título inglês: Sai Arsenal, entra Man City.


Desde há cerca de 5 anos até há poucos meses atrás, o Manchester City deixou de pertencer à "classe média" do futebol inglês, passando a figurar num patamar superior, juntamente com Tottenham e, por muito que me custe admitir, com o Liverpool.

Mas vamos voltar ainda mais um pouco atrás no tempo, até Maio de 2004 para ser mais exacto. Final da época em Inglaterra, o Arsenal de Wenger ganha a Premier League invicto, com 26 vitórias e 12 empates em 38 jogos disputados. Uma equipa fortíssima, com jogadores como Dennis Bergkamp, Lehmann, Ljungberg, Ashley Cole, Sol Campbell, os jovens Kolo Touré e Cesc Fabrégas e claro, com a "Armada francesa" de Henry, Wiltord, Vieira, Clichy e Pirès (desculpem, mas não consigo colocar Cygan ao lado destes nomes). Nessa época, a equipa de Wenger bate recordes, está nas bocas do mundo, e até leva Abramovich a gastar milhões para comprar o treinador português José Mourinho. Perto do fundo da tabela classificativa, mais propriamente em décimo sexto lugar, fica o Manchester City, treinado por Keegan, o City tinha um plantel capaz, com jogadores como Anelka, Wright-Phillips e com muitas velhas glórias, falo de Seaman, Tarnat, Reyna, Bosvelt, ou Fowler. Em suma, um plantel com experiência, mas sem grandes possibilidades de surpreender.

As duas épocas seguintes foram dominadas pela qualidade do Chelsea de Mourinho, que juntamente com os rublos de Abramovich, ganham dois títulos consecutivos da Premier League. Mas, no final de 2008 há uma mudança nos citizens, Khaldoon Al Mubarak, um multi-milionário nascido nos Emirados Árabes Unidos, assume a presidência do clube, e investe milhões no clube, juntando a Robinho (compra do anterior presidente Al-Fahim) o guarda redes Given e o galês Bellamy. No Verão, o City iria movimentar de novo o mercado inglês, contratando ao rival de Manchester a estrela Carlos Tévez, o defesa Lescott e o médio de contenção Barry,adquirindo também ao Arsenal os africanos Touré e Adebayor. Estas duas contratações poderão servir de exemplo para a troca de poderes entre os dois clubes, mas falaremos nisso mais tarde. Para terminar em grande, Mubarak decide passar um cheque em branco para a aquisição de Lionel Messi, mas nem assim o Barcelona aceita vender o melhor jogador do mundo nesse ano.

Mesmo assim, e com este plantel de estrelas, os sky blues acabam a época em 5º lugar, não conseguindo atingir os lugares de acesso à Liga dos Campeões. Nessa época o Arsenal termina em 3º, atrás do campeão Chelsea e do Man United. Frustrado com a temporada, o presidente milionário começa o frenesim de compras que foi o defeso de 2010, onde chegaram ao clube estrelas como Yaya Touré (que passou a ser dos jogadores mais bem pagos do mundo), Boateng, David Silva, Kolarov, Balotelli (aposta pessoal do treinador Mancini), Milner e, mais tarde, Dzeko. Desta vez as centenas de milhões gastos valem a pena pois, 35 anos depois, o City voltou a ganhar a FA Cup, com uma vitória frente ao Stoke City por uma bola a zero, com o golo decisivo a ser apontado por Yaya Touré. Além do título, o City termina a Premiership em 3º lugar, pela primeira vez em décadas à frente dos Gunners, e garante o acesso à liga milionária. Para reforçar a equipa, são contratados Aguero ao Atl. Madrid e a dupla francesa Clichy e Nasri ao... Arsenal.

Esta época, e ao final de apenas oito jornadas, o City é líder isolado da Premier League, e por seu lado, o Arsenal é décimo classificado, com 4 derrotas e três vitórias na competição, sendo que uma dessas derrotas foi perante o United por 8-2.

Falando um pouco no Arsenal, é certo que não tem os milhões de libras que os sky blues possuem neste momento mas, os Gunners são um clube que garante presença todos os anos na Champions (chegaram à final em 2006 e às meias finais por 2 vezes), arrecadando aí alguns milhões em prémios, e até se aceita que venda um ou outro jogador a clubes com maior capital para investir, algo onde o City se enquadra neste momento. Mas, daí até vender em anos consecutivos as suas maiores estrelas, e não comprando jogadores "feitos" para essas mesmas posições, é um autêntico tiro no pé. Vejamos, em 2009 sairam Hleb, Kolo Touré e Adebayor; em 2010 não houve assim nenhuma saída de valor, talvez possamos apontar a saída de Gallas. E este ano sairam três peças fulcrais, são elas os já mencionados Nasri e Clichy, mas também o capitão e motor da equipa Césc Fabregas. Contratações para esta época foram: Gervinho, André Santos, Mikel Arteta, Mertsacker e Benayoun, entre outros. É claramente insuficiente para um candidato ao título na liga mais competitiva do mundo. André Santos, apesar de ser titular na canarinha, não é um Clichy, e muito menos Arteta consegue fazer pela equipa o mesmo que Fabregas fazia.

Assim, é a minha opinião que houve uma troca de lugar e de estatuto entre os Gunners e o City, algo que era expectável pelos milhões que os de Manchester têm, e pela fantástica equipa que possuem, mas que não deixa de ser surpreendente, pelo baixar de braços e a perda de competitividade da equipa de Norte de Londres.

Concorda com esta análise feita? Quais são os verdadeiros motivos para esta quebra do Arsenal? Será que este é o ano dos citizens?

3 comentários:

  1. Infelizmente o Arsenal já não é o Arsenal dos tempos de Tony Adams, ou Thierry Henry ou de Dennis Bergkamp.

    RIP ARSENAL!

    Abraços

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  2. Pá que texto!
    O Arsenal ou se reforça, ou fica na shit.

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  3. Uma grande vénia a este texto !

    Em relação ao assunto, o Manchester City tem o melhor plantel da Premier League(várias soluções de qualidade para quase todas as posições e é uma equipa que deixa Tevez, Dzeko, Aguero ou Balotelli no banco de suplentes, só por aqui vemos o poder do plantel dos "citizens") e se não fosse o treinador que tem(não é o indicado para uma equipa com este plantel), poderiam ambicionar ou já mesmo ter conquistado competições de maior importância.

    Já o Arsenal, com muita pena minha, tem um modo de jogar/uma filosofia fantástica mas que é muito mal gerido em termos desportivos como financeiramente!
    Saem jogadores que são pedras-chaves na equipa e depois entram jovens da formação ou jogadores que ainda não estão ao mesmo nível dos que vieram substituir ! As perdas de Nasri e especialmente de Fabregas(muito mal vendidos) foi vertiginosa e este ano vai ser o ano de desgraça de Wenger! Veremos se não estou em erro mas duvido que fique muito mais tempo e estou para ver quem o vai substituir... O futuro do clube dependerá disso...

    Mais uma vez, grande crónica, parabens !

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