O segundo golo do Benfica chegou aos vinte e seis minutos. Pelo meio, o FC Porto tentou colocar ordem na casa, tentou erguer-se, tentou reprimir o descaramento de quem, mesmo tendo força e estatuto, chega ao território azul a mandar. Fê-lo em esforço. Esticando, suando, puxando. Não teve discernimento nem critério. Não progrediu com a bola nos pés, não abriu espaços, não pôs em tremuras a estrutura do Benfica. O campeão esteve como um bloco: junto, consistente, sem lacunas. Pressionou, humilde e rigoroso. Foi eficaz. O FC Porto cedeu, errou, deixou-se à mercê e o Benfica aproveitou, matreiro, fazendo o seu jogo. Coentrão insistiu, Sereno cortou, Fernando quis sair a jogar, Javi García rematou de primeira e Helton, surpreendido, viu a bola passar-lhe por baixo do corpo e entrar na sua baliza. Simples, sem rendilhados, com plena eficácia: dois-zero, passo importante na eliminatória, dragão afundado na sua impotência.
Recuamos até oito de Novembro. Noite de gala, momento épico, eficácia aliada a um gozo puro em jogar futebol. Perfeito para o FC Porto: circulação, progressão, brilhantismo, eficácia e futebol total. O Benfica definhou pelo relvado, foi atacado na honra, ficou com o ego no zero. Saiu com cinco golos sofridos e dez pontos de atraso no campeonato. O dragão era de outra galáxia. Voltamos à actualidade. Bom momento do Benfica, FC Porto perdendo fulgor, vitória encarnada, jogo de entrega, de pressão e de coração da equipa encarnada perante um dragão incapaz, sem força para rasgar o bloco contrário e sem capacidade para encostar o Benfica. Os papéis inverteram-se. Jorge Jesus inventara antes: David Luiz na esquerda, Sidnei no meio, Coentrão na ala, buracos constantes, equipa fragmentada e noite de pesadelo. Agora, foi André Villas Boas. O treinador falhou na estratégia.
A força revoltosa do FC Porto, o murro na mesa que dera noutros jogos, a garra da Supertaça e o nível da goleada por cinco golos e a alma capaz de levar a equipa ao sucesso: onde estiveram agora? O FC Porto descomprimiu, não esperava um adversário tão pressionante e tão consistente, sentiu-o, sofreu um golo cedo e nunca mais conseguiu atingir o seu nível. André Villas Boas arriscou com Sereno na esquerda, deixando Fucile na bancada, nem sequer no banco de suplentes, mas, acima de tudo, com a exclusão de Walter, único ponta-de-lança, único predador de área, da lista de convocados. O treinador, a perder e percebendo a impotência da equipa, olhou para o banco. Tinha Guarín, tinha Cristian Rodríguez, tinha Mariano, tinha Rúben Micael. Nenhum deles é sinónimo de golos, nenhum é uma referência de área, nenhum é posicional. Nem quando o Benfica, por expulsão de Fábio Coentrão, ficou reduzido a dez jogadores... durante meia-hora.
Nota: Crónica feita por Ricardo Costa, autor do conceituado blog Futebolês
Recuamos até oito de Novembro. Noite de gala, momento épico, eficácia aliada a um gozo puro em jogar futebol. Perfeito para o FC Porto: circulação, progressão, brilhantismo, eficácia e futebol total. O Benfica definhou pelo relvado, foi atacado na honra, ficou com o ego no zero. Saiu com cinco golos sofridos e dez pontos de atraso no campeonato. O dragão era de outra galáxia. Voltamos à actualidade. Bom momento do Benfica, FC Porto perdendo fulgor, vitória encarnada, jogo de entrega, de pressão e de coração da equipa encarnada perante um dragão incapaz, sem força para rasgar o bloco contrário e sem capacidade para encostar o Benfica. Os papéis inverteram-se. Jorge Jesus inventara antes: David Luiz na esquerda, Sidnei no meio, Coentrão na ala, buracos constantes, equipa fragmentada e noite de pesadelo. Agora, foi André Villas Boas. O treinador falhou na estratégia.
A força revoltosa do FC Porto, o murro na mesa que dera noutros jogos, a garra da Supertaça e o nível da goleada por cinco golos e a alma capaz de levar a equipa ao sucesso: onde estiveram agora? O FC Porto descomprimiu, não esperava um adversário tão pressionante e tão consistente, sentiu-o, sofreu um golo cedo e nunca mais conseguiu atingir o seu nível. André Villas Boas arriscou com Sereno na esquerda, deixando Fucile na bancada, nem sequer no banco de suplentes, mas, acima de tudo, com a exclusão de Walter, único ponta-de-lança, único predador de área, da lista de convocados. O treinador, a perder e percebendo a impotência da equipa, olhou para o banco. Tinha Guarín, tinha Cristian Rodríguez, tinha Mariano, tinha Rúben Micael. Nenhum deles é sinónimo de golos, nenhum é uma referência de área, nenhum é posicional. Nem quando o Benfica, por expulsão de Fábio Coentrão, ficou reduzido a dez jogadores... durante meia-hora.
Nota: Crónica feita por Ricardo Costa, autor do conceituado blog Futebolês
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